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Paolo Benetti |
Recebo uma mensagem de Angélica. Ela é uma borboleta que está sempre procurando uma forma do mundo ficar mais bonito. Conheci-a como peregrina do conhecimento lá pelas bandas de Santiago de Compostela. Uma pessoa de muita energia. Diferente de muitas mulheres, pois é líder e gosta deste ambiente. Também é uma apóstola. Seu Santo Graal é a Ética. Luta por isto, e entende que assim o mundo há ficar melhor. Por certo que ficará. Criou o CREARMUNDOS. Alguma coisa que soma esta peregrinação e apostolado. Com o tempero da beleza, da forma, do movimento delicado. É o que ela quer: criar novos mundos onde as pessoas sejam mais éticas e que o respeito seja a moeda de troca. Além daquilo tudo que falei, uma sonhadora. Que seria do mundo se não encontrássemos sonhadores e botam seus sonhos em prática. E a mensagem dela era curta e fina, para não dizer doce e suave. Quer um depoimento. "Oi diga lá, oi diga lá, oi diga lá como é escrever um livro" (com sua licença Caetano). Lembro-me que eu queria escrever um livro. Fiz muitas anotações. Tenho a hábito de, antes de escrever, fazer centenas de anotações. Uma forma de colocar meu pensamento divergente trabalhando para mim. Mas anotações não fazem livros. Sou muito perseverante. Quanto quero uma coisa vou longe por ela. Entretanto, escrever um livro o buraco era mais embaixo. Precisa de disciplina para escrever. Não tenho muita. Também não sabia como escrever o livro. Não queria que meu livro fosse um livro-texto, destes livros chatos que as pessoas só compram por obrigação profissional. Queria um livro diferente. E falta a danada da disciplina. Até que um dia encontro uma amiga na feira do livro e ela sabia das minhas intenções. Estávamos conversando, nem sei agora o quê, mas passou um editor e ela no mesmo instante chamou-o e disse: "ele tem um livro pronto!". O editor me olhou: "pois, quero-o". E antes mesmo que eu desse a segunda respirada, eles já estavam falando do livro. E logo depois da segunda já estávamos falando da data de entrega dos rascunhos. Bom, isto era o que faltava para botar a disciplina na verdadeira disciplina. Comecei a pensar como seria o livro. E minha conclusão é que o livro deverei ser fácil de ler. Como se tivéssemos lendo um romance ou coisa mais próxima. Também conclui que deveria ter momentos de integração com o leitor. Ou seja, ao longo do livro ele teria a chance de opinar, de revelar o seu conhecimento, de ser agente participante do texto. E assim foi. Sentei-me aqui de frente ao computador e comecei a minha própria odisséia. Quando acabei, senti muitas coisas gostosas. Livro pronto.
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