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OS MUNDOS HERMENÊUTICOS E A DIMENSÃO
IMAGINATIVA
“Se comprendre, c’est se comprendre devant
le texte et recevoir de lui
les conditions d’un soi autre que le moi, qui vient à
la lecture ».
Paul Ricoeur - Du texte à l’action, Essais d’Herméneutique
II, 1986
Paris, Ed. Seuil, p. 31
Maria Antónia Jardim
professora auxiliar na Universidade Fernando Pessoa, Portugal. Doutora
em ciências da Educação na
Universidade do Porto. Investiga Hermenêutica / ética
/ simbologia / criatividade e desenvolvimento pessoal-psicologia.
mjardim@ufp.pt
Ricoeur debruça-se sobre a perspectiva interna do sujeito,
que se interpreta a si próprio através de histórias;
as páginas de Temps et Récit sugerem que a história
da vida não é em si mesmo um dado puro e adquirido,
mas, sim, que ela é sempre obtida por “mediação”
ou “refiguração” através das narrativas
pelas quais o “si” ou a comunidade se definem. As vidas
vão, assim, corresponder a este “tecido de histórias
narradas” (1985:356). Ricoeur vai mesmo ao ponto de reafirmar
(1990: 197) que apenas o trabalho da reinterpretação
e da reapropriação nos ajuda a evitar a alternativa
duvidosa de uma simples repetição, por um lado, e
de uma errância, por outro. Deste modo, a ontologia informada
e transformada hermeneuticamente, isto é, re-interpretada,
vai situar-se para além das certezas onto-teológicas
e sublinha que, na verdade, “raconter… c’est déployer
un espace imaginaire pour des expériences de pensée
ou le jugement moral s’exerce sur um mode hytpothétique”
(1990: 200).
De facto, a proposta filosófica de Ricoeur possui implicações
pedagógicas: Ricoeur pretenderá, através da
hermenêutica, neutralizar o fosso existente entre vida e literatura,
procurando remetê-las para um íntimo contacto através
da leitura, para permitir que o exemplo narrado seja interpretado,
avaliado e se manifeste singularmente na vida quotidiana. Para Ricoeur,
a condição para possibilitar a aplicação
da literatura à vida é o problema da “identificação
com”, a qual contribui para a narrativisação
do carácter. É através da linguagem que o homem
se mediatiza e a imaginação é uma capacidade
que faz com que novos mundos refaçam a compreensão
de nós mesmos. Mas este poder surge das significações
emergentes na nossa linguagem, cuja dimensão imaginativa
opera como pedagógica. Para Ricoeur a função
metafórica do “ver como” é imaginativa
(1983: 271), no entanto não nos esqueçamos do facto
que a narratividade carrega consigo uma dimensão prescritiva
ou avaliativa e que a estratégia de persuasão ou da
sedução que os narradores impõem aos leitores,
nunca é neutra de um ponto de vista ético, induzindo
uma reavaliação do nosso mundo. Parece-nos que Ricoeur
recomenda a imaginação narrativa para procurar outros
tribunais de grande instância; uma imaginação
que passaremos a denominar de imaginação moral, porque
opera com juízos de valor, avaliando como poderia agir se…
Na concepção de Ricoeur, a linguagem, mais do que
descrever a realidade, revela-a e cria-a (Ricoeur 1988: 97). A nossa
relação com o real não é directa, mas
sempre mediatizada por “configurações”
e “refigurações” (conceitos que serão
definidos adiante, aquando a distinção da tripla mimesis).
São elas que criam congruência e dão forma e
sentido à experiência humana. A transmissão
e a tradição assumem um papel imprescindível
em relação ao processo da imaginação,
na sua reformulação da realidade. Aquilo que tanto
as narrativas de ficção como as obras historiográficas
refazem (configuram) criativamente é o mundo da acção
humana e a sua dimensão temporal profunda (Ricoeur 1986:89)
algo acentuado já em Temps et Récit, pelo autor. Assim,
a ficção reformula a realidade práxica; o mundo
do texto intervém através da leitura no nosso mundo
de acção para o figurar, esclarecendo-o e transformando-o.
Neste processo, a imaginação não é uma
função puramente mimética mas é também
projectiva, correspondendo ao dinamismo da acção.
Como nos diz Ricoeur (1986: 11) “a espiral hermenêutica
concretiza-se na solução narrativa para a problemática
temporal, por uma passagem da pré-compreensão do mundo
da acção à transformação do mundo
do leitor (mudando o seu agir)”; passagem essa que é
possibilitada pela acção cruzada da ficção
e da historiografia. A função narrativa é entendida
por Ricoeur como ambição de refigurar a nossa condição
histórica e de a elevar ao estatuto de consciência
histórica, surgindo como uma mediação entre
o futuro enquanto horizonte de expectativas, o passado como tradição
e o presente como surgimento; o que acontece. Impõe-se, por
isso, uma nova concepção do presente e da acção
como “iniciativa”; a possibilidade de começar,
de dar um curso novo aos acontecimentos, de metamorfose.
Não esqueçamos que em Ricoeur – Prefácio
de Do texto à acção, a hermenêutica move-se
ao nível da “onto-semântica” (Ricoeur 1986:
12) – todo o ser é linguagem – retomando o modelo
da revelação de teologia que diz que a compreensão
é uma escuta do ser. Em todo o caso, a ontologia que nos
é apontada por Ricoeur emerge do “poder-fazer”
e situa-se no interior da cultura em constante refiguração.
Novamente chamamos a atenção para o facto de ser concedida
grande importância à imaginação como
capacidade de criar sentidos novos e recriar a própria realidade
social e política: “direi, por meu lado, na linha de
uma hermenêutica a partir do texto e da “coisa”
do texto, que é, em princípio, à minha imaginação
que o texto fala, propondo-lhe os “figurativos” da minha
libertação” (Ricoeur 1986: 138). Será,
então, possível recolocar a explicação
e a interpretação num único arco hermenêutico
e integrar as atitudes complementares: a explicação
e a compreensão, numa concepção global de leitura,
como um retomar de sentido.
O dizer de um hermeneuta é um redizer que reactiva o dizer
do texto. É através de uma imaginação
antecipadora do agir que podemos jogar com os possíveis práticos;
é com ela que se podem comparar desejos e exigências
éticas; será neste imaginário que podemos experimentar
o nosso poder de fazer e tomar a medida do “eu posso”
ou do “também eu, posso” (uma das dimensões
do “homme capable”) e aqui vemos a importância
da comparação, da analogia que procede aqui, por transferência
directa da significação “eu”. Como eu,
os meus contemporâneos e os meus sucessores podem dizer “eu”.
Como sublinha Ricoeur (1986: 227) “A verdade da nossa condição
é que o elo analógico que faz de todo o homem o meu
semelhante, só nos é acessível através
de um certo número de práticas imaginativas...”
Todo este movimento vai no sentido, ora de uma iniciativa própria,
ora de uma responsabilidade, pois, em primeiro lugar “eu posso”,
em segundo lugar “eu faço”, em terceiro “eu
intervenho”; inscrevo o meu acto no curso do mundo e em quarto,
“eu cumpro” o que me propus fazer em primeiro lugar.
É a minha Palavra que, como referem os nativos americanos
no seu código ético, eu faço andar; eu ponho
em prática; é o meu desejo em acção.
A literatura, familiarizando-nos com os começos e os termos
das narrativas, ajuda-nos a estabilizar os começos reais,
que constituem as iniciativas, e afixar os contornos dos fins provisórios
das acções.
E, como nos ensina a teoria da leitura, a narrativa implica a dimensão
normativa e avaliativa, pois induz-se, como já vimos, o leitor
a uma visão do mundo e a uma nova avaliação
de si próprio. Ricoeur (1990: 335) acentua o carácter
dinâmico da ética, sempre projecto a realizar e consequentemente
acentua a noção de processo, uma vez que “viver
bem” é algo que está sujeito à mudança,
exigindo um contínuo ajustamento entre a lei e a situação
particular. É por isso necessário ter em conta o contexto:
“É preciso notar que cada projecto ético, o
projecto da liberdade de cada um, surge no meio de uma situação
que já está assinalada eticamente; as escolhas, as
preferências, as valorizações já vêm
de trás e cristalizam-se nos valores que cada um encontra
ao acordar para a vida consciente” (1985: 64). Mas para haver
uma transformação qualitativa no agir humano, há
que levar o homem a repensar o sentido do seu agir.
É neste sentido que a narrativa pertence já ao campo
da ética, cabendo ao leitor fazer a escolha que mais lhe
convier, entre todas as outras que a narrativa lhe sugere. Quando
este processo se desenrola estamos perante a narrética; um
novo conceito que introduzimos neste artigo e que remete para a
intersecção da narrativa com a ética, quando
se estabelece o processo dinâmico de leitura e interpretação,
isto é, a hermenêutica da narrativa. Deste modo, a
hermenêutica da narrativa é a metodologia necessária
para chegar à narrética.
Em presença do desajuste das teorias morais, cumprirá
à ética resituar o homem no mundo, através
de uma reinterpretação dos valores e da sua readaptação
às escolhas e liberdades pessoais. É uma questão
de intencionalidade e que se encontra no conceito de narrética,
em que o diálogo entre o eu do leitor e o tu da obra exige
a diferença de horizontes e se insere no mundo ao situar-se
no domínio das escolhas concretas. Assim, a narrética
implica o passar primeiro pela análise da praxis - em si
plural e multiforme - para a seguir, ao interrogar-se sobre o sentido
das acções feitas e/ou narradas, encontrar a dimensão
que lhe dá sentido.
Como afirma Ricoeur (1990: 139) “…a teoria narrativa
só faz a mediação entre a descrição
e a prescrição quando o alargamento do campo prático
e a antecipação das considerações éticas
estão implicadas na própria estrutura do acto de narrar”
e, neste sentido, a narratividade introduz a ética; promove
uma consciência reflexiva porque se dirige a convicções,
a “fazer acreditar” no que está a ser contado;
porque designa valores e expõe o agente da acção
enquanto sujeito humano que faz algo de algum modo, numa qualquer
circunstância e com um determinado fim.
Destaquemos que, para Ricoeur, uma das funções capitais
da narrativa consiste em configurar permanentemente regras axiológicas,
seja através da sua determinação escrita, como
é o caso dos mitos, ou da sua livre reestruturação,
como é o caso da literatura e do romance. Assim, a narrativa
pode constituir-se num modelo, num laboratório de experimentação
de valores (Ricoeur 1983: 93). Porém, enquanto a “mimesis”
I nos revela a prefiguração da narrativa, a “mimesis”
II corresponde à configuração representativa
da acção. Enquanto no primeiro momento se discute
a pertinência das condições de possibilidade
de uma obra, neste novo conceito de representação
oferece-se uma configuração inovadora e ficcional
dos acontecimentos da acção. Porquê? Porque
como diz Ricoeur, toda a configuração “abre
o reino do” como se” (Ricoeur 1983: 101). Cada obra
é uma variação imaginativa sobre o tempo; é
uma viagem nesse tempo.
A história de uma personagem, em analogia com a nossa própria
história, é pautada pelo tempo do mundo mas é
vivida temporalmente por cada um e nesse tempo real, fórmulas
linguísticas como “conta-me a tua história”;
“Isso são histórias!”; “É
sempre a mesma história!”, fazem parte do nosso quotidiano
fazendo-nos consciencializar a importância das narrativas
no nosso mundo. Não só das narrativas mas da função
da ficção; vejamos o que diz Ricoeur a este respeito:
“A função da ficção é (…)
indivisivelmente reveladora e transformadora em relação
à prática quotidiana; reveladora no sentido em que
traz à luz traços dissimulados, mas já desenhados
no coração da nossa experiência práxica;
transformadora, neste sentido de uma vida, assim examinada, é
uma vida mudada, uma vida outra.
Atingimos aqui o ponto em que descobrir e inventar são indiscerníveis”
(Ricoeur 1985: 229). A construção de um mundo fictício,
imaginário, visa proporcionar a distância necessária
à revelação e transformação da
nossa vivência quotidiana. O entrecruzamento entre o mundo
da obra e o mundo do leitor amplia a subjectividade deste último,
enriquece-o nos domínios capitais da sua relação
com a realidade. Que domínios? Precisamente aqueles que condicionam
a sua captação da narrativa, que prefiguram a sua
recepção, a saber, a linguagem, a simbólica
da acção e o tempo; isto quer dizer que, a expressão
linguística, o comportamento e a vivência temporal
do intérprete são alterados, tanto mais quanto a obra
ecoar no seu espírito. A estrutura sintáctica dos
nossos enunciados, a complexidade semântica da expressão,
o conjunto de crenças e valores que pautam a conduta, a vivência
temporal da realidade histórica, numa palavra, o mundo que
nos envolve, é transfigurado através do encontro entre
nós e a obra que lemos; como afirma Ricoeur “o caminho
mais curto de si a si é sempre o pensamento do outro”
(Ricoeur 1975:301).
O plano da refiguração (mimesis III) posiciona, em
termos novos, o problema da recepção estética
de uma obra; investiguemos, pois, o poder de refiguração
da narrativa, correspondente à mimesis III ricoeuriana, isto
é, o poder que a obra possui de alterar o mundo dos seus
leitores e o do leitor, de refigurar a obra através da sua
singular interpretação. Diz-nos Ricoeur que ela “marca
a intersecção entre o mundo do texto e o mundo do
leitor.” (Ricoeur 1985: 230).
Sem o confronto entre os dois mundos, a obra narrativa não
pode actualizar a sua experiência fictícia e será,
porventura, neste conceito de refiguração que se joga,
a nosso ver, uma das dimensões mais significativas e decisivas
da experiência simbólica da narrativa. A construção
de modelos simbólicos narrativos visa, mais do que construir
um mundo autónomo e fictício, redimensionar integralmente
a nossa forma de habitar o mundo. Segundo Ricoeur, a função
da ficção é transformadora, reveladora, no
sentido em que uma vida examinada, é uma vida mudada, uma
outra vida (Ricoeur 1985: 229); assim a construção
de um mundo fictício, imaginário, pretende proporcionar
a distância necessária à revelação
e transformação da nossa vivência quotidiana.
O conjunto de valores e de crenças que pautam a conduta,
a vivência temporal de uma realidade histórica, é
transfigurado através do encontro entre nós e a obra
que lemos.
No entanto, Ricoeur chama a atenção da necessidade
de não se perder a dimensão referencial da obra (ibidem),
já que uma hermenêutica do texto literária só
está concluída, quando, para lá da compreensão
e explicação de uma obra, discernimos o seu ponto
de aplicação, pois será este o ponto de conjugação
entre a obra e o seu público. É nesta dialéctica
entre, por um lado, o poder de inovação da obra e,
por outro, a receptividade sedimentada de uma tradição
em captá-la, que podemos decifrar o poder de transformação
do mundo, íntrinseca à narrativa literária.
Independentemente dos constrangimentos linguísticos, simbólicos
e temporais da época em que nasceu, encontramos o poder da
obra literária em constituir o mundo e os valores da nossa
existência. É o caso dos contos de Sophia de Mello
Breyner Andersen , em que se procura fazer com que as próprias
situações interroguem o leitor, directa ou indirectamente.
A apropriação/distanciação que caracteriza
o acto de leitura, traduz-se na mediação que o mundo
do texto permite e pela qual o leitor passa a compreender-se melhor
a si mesmo, ao encadear o discurso do texto com o seu próprio
discurso (Ricoeur 1986: 117). A circularidade hermenêutica
é mimética, narra não só uma actividade
possível do ser humano, mas também traduz a manifestação
da própria forma de pensar o mundo e os outros e de, posteriormente,
se pensar a si mesmo.
A narração, tal como Ricoeur a concebe, é um
dizer analógico que simultaneamente resiste à repetição
e propõe a diferença, mas a obra literária
só está concluída quando é apropriada
pelos seus leitores: “… sem leitor que o acompanhe,
não há acto configurante em obra no texto, e sem leitor
que se aproprie dele, não há mundo desenrolado diante
do texto (Ricoeur 1985: 239). A mimesis I e II carecem da mimesis
III, ou seja, da recepção pelo leitor da configuração
onde a referência inicial ao mundo está preservada
(1983: 86: 87). Uma interrelação entre o acto de ler:
acto hermenêutico e o acto de narrar- acto ético por
excelência, onde juízos de valor são equacionados,
escolhas subtis são feitas, opções de fundo
iniciadas; nesta intercessão encontra-se a narrética,
que nesta linha sequencial, através de uma hermenêutica
da narrativa, poderá coincidir com a mimesis III.
A iniciativa ética e a identidade narrativa não se
opõem, completam-se, visto que o mundo que a narração
conta é o mundo vivido onde agir é agir com outros;
é por isso que para Ricoeur, entre a compreensão narrativa
e a compreensão prática há, segundo o filósofo,
uma relação de pressupostos e de transformação
(ibidem); isto é, como já referimos o ponto em que
a hermenêutica é aplicada a uma situação
prática.
A memória do passado, a atenção do presente
e a expectativa do futuro, constituem os pressupostos do acto de
contar e de seguir uma história.
Será esta temporalidade entrelaçada que possibilitará
ao autor/leitor, seguir uma história, percorrendo uma sucessão
de momentos, um caminhar para a sua conclusão. Narrar, para
Ricoeur, é uma forma de testemunhar: “se não
podemos definir a hermenêutica como a procura de um outro
e das suas intenções psicológicas que se dissimulam
atrás do texto e se não queremos reduzir a interpretação
à desmontagem das estruturas, o que fica para interpretar?
Responderei: interpretar é explicitar uma certa forma de
estar no mundo (1986: 114), interpretar é decifrar obras,
decifrar mundos.
A narração torna-se mediadora entre a descrição
e a prescrição, esclarecendo a passagem da dimensão
prática para a dimensão moral da acção.
Assim, a narratividade é uma manifestação ética.
Repetimos expressamente esta ideia para que se sublinhe a importância
pedagógica de uma metodologia centrada na hermenêutica
da narrativa, que por sua vez conduz ao processo de narrética,
o que permitirá ao aluno, um maior desenvolvimento moral.
Todavia, é evidente que narrar as acções não
é suficiente, embora Ricoeur atribua a maior importância
ao livro de John Searl, Speech Acts (Ricoeur 1988: 15); há
que narrar quem desempenha a acção: o agente, o sujeito
da acção. O verbo narra o sujeito mas mais ainda o
narram os complementos circunstanciais que molduram a sua acção.
A sintaxe dos factos (em relação de coordenação
ou subordinação entre si) liga os acontecimentos díspares,
o imprevisto e o inesperado passam a ter a possibilidade de se integrar
num tempo com identidade dinâmica onde a visão de si
e dos outros pode confrontar-se, conjugando-se positiva ou negativamente
num momento posterior (1990: 139). Note-se que a narração,
para Ricoeur, consiste na descrição do carácter
e das transformações múltiplas e variadas que
este sofre com a atitude pessoal (1990: 143). O futuro e não
apenas o presente fica aberto a novas reinterpretações,
sempre de carácter hermenêutico-ético.
BIBLIOGRAFIA
OBRAS DE PAUL RICOEUR
.
1965 De l’interpretation. Essai sur Freud, Paris, Seuil.
1969 Le conflit des interpretations, Essais d’hermeneutique
I, Paris, Seuil. Tradução Portuguesa (s/d) O conflito
das Interpretações, Porto, Rés Editora.
1975 Métaphore vive, Paris, Seuil.
1980 Cours sur L’Herméneutique, Univ. Catholique de
Leuven-la-Neuve.
1981 Hermeneutics and the Human Sciences, Trad. J. B. Thompson,
Cambridge, Cambridge University Press.
1983 Temps et Récit I, Paris, Seuil.
1984 Temps et Récit II. La configuration du temps dans le
récit de fiction, Paris, Seuil.
1985 Temps et Récit III. Le temps raconté, Paris,
Seuil.
1985* “Avant la loi morale, l’éthique”,
in Encyclopaedia Universalis, Symposium, Supl II, 62-66.
1986 Du texte à l’action. Essais d’hermeneutique
II, Paris, Seuil. Tradução Portuguesa (1986) Do texto
à acção, ensaios de hermenêutica II,
Porto, Rés Ed.
1990 Soi-même comme un autre, Paris, Seuil. Tradução
Portuguesa(1991) O si-mesmo como um outro, Brasil, Papirus.
1991 Lectures I Autour du Politique, Paris, Seuil.
1991 Les metamorphoses de la raison herméneutique, J. Greish
et R. Kearney, Paris, Cerf.
1995 Le Juste, Paris, Esprit.
1995* O justo ou a essência da justiça, Almada, Ed.
Piaget.
1995* Refléxion faite, Paris, Esprit.
Para bibliografia completa de e sobre Paul Ricoeur consultar VANSINA,
Paul Ricoeur Bibliography 1935-2000, Leuven, Leuven Univ.Press,
2000.
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