O
QUE DEVEMOS ENSINAR A NOSSOS FILHOS?
Educar
para a liberdade, não é deixar de ensinar coisas, mas sim colocar as bases
para que a pessoa possa e saiba ser livre.
Essa frase enuncia uma das idéias
centrais que Victoria Camps,
nossa entrevistada, enuncia no livro que inspirou essa entrevista.
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CREARMUNDOS
conversa com uma filósofa, educadora, escritora que foi Vice-reitora da
Universidade Autônoma de Barcelona, além de Senadora e presidenta de distintas
comissões (Comité ético del Hospital del Mar – Barcelona; Comité ético de
la Fundación Esteve – Barcelona; Comité ético del Hospital Vall d’Hebrón
– Barcelona) e de fundações tais como Fundação Alternativas, em
Madrid e Victor i Grifols em Barcelona.
Nossa
entrevistada poderia nos falar de inúmeros temas, mas nos centraremos
principalmente num tema que vem surgindo incessantemente nas escolas
brasileiras, que é a questão da atual “crise de valores” e o papel da família
nessa “crise”. Comecemos então nosso diálogo. |
CREARMUNDOS:
Em
seu livro “ Qué hay que enseñar a los
hijos”, encontramos a idéia de que aos filhos deve-se ensinar tudo,
porque ser filho significa aprender constantemente. Você
poderia explicar aos nossos leitores algo mais a respeito disso?
Victoria Camps: Quando
afirmo isso, quero dizer que alguém quando nasce, não sabe nada de horários,
de normas de convivência e de uma série de
coisas de diferentes conteúdos “ éticos”. E, não se deve esperar
que esse aprendizado ocorra espontaneamente. Lembro-me bem de que quando meu
primeiro filho nasceu, meu maior susto foi constatar que ele “não sabia
dormir”, algo que eu pensava que era tão natural. Foi quando descobri que eu
devia ensinar a ele o horário para dormir.
Os
pais e os professores precisam ter clareza que esse tipo de aprendizado
necessita de estímulo exterior. Concordo com Hanna Arendt quando afirma que
educar é ensinar. O problema é que nós, os adultos atuais, recebemos uma
educação muito restritiva e carregamos conosco um ranço decorrente disso.
Pensamos que ensinar é interferir demasiadamente na personalidade das crianças
e dos jovens, é desrespeitá-los. Isso é um equívoco, se não ensinamos nada
às crianças e aos jovens, seguramente vão aprender o que não deveriam
aprender.
CREARMUNDOS:
E
qual seria a melhor forma de “ensinar” esses conteúdos éticos?
Victoria
Camps:
A
melhor forma de ensinar esse tipo de coisa é pelo exemplo. As crianças e os
jovens aprendem com nosso modo de viver, nossas atitudes, nossos gestos, nossas
formas de decidir e de atuar no cotidiano. Mas, não basta agir, é preciso
verbalizar e insistir nessa verbalização, falar uma vez e outra e uma vez
mais; e dar razões para aquilo que falamos. Alguns educadores podem pensar:
para que dizer o óbvio? Quando o óbvio é ouvido gera segurança.
Além
do mais, passa algo curioso que constatei com meus filhos e alunos ao longo
desses anos: aprenderam coisas que eu não quis intencionalmente ensinar.
CREARMUNDOS:
Nesse
livro encontramos algo que nos chama a atenção : Todos
somos filhos, educar aos filhos é educar a nós mesmos. Sobre isso, poderia
falar algo mais a nossos leitores?
Victoria Camps: Com
certeza penso que é importante olhar para meus filhos como pessoas que estão
aprendendo constantemente; mas melhor ainda é olhar para mim mesma percebendo
que sou alguém que aprende! É nesse sentido que fiz essa colocação. Nós, os
adultos, podemos pensar que não precisamos aprender mais e que nossa tarefa é
só a de ensinar? Claro que não. Um filho nos faz pensar naquilo que fazemos
cada dia, nos faz aprender a buscar
formas de resolver conflitos, a lidar com momentos enfadonhos e difíceis. Nos
fazem prestar atenção ao nosso modo de estar com os demais.
Outro
aspecto importante para considerar é que se somos pais, é porque temos filhos
e porque somos filhos de alguém. Quando nos transformamos em mães/ pais,
tomamos consciência do tipo de filho que somos. É um bom momento para uma auto
– avaliação!
Em
geral, o que mais vemos em nossos filhos são seus defeitos. E esses defeitos
costumam gerar raiva em nós, o curioso é que justamente eles é que merecem
nosso trabalho educativo, porque são eles que precisam ser transformados! O
importante é buscar ver porque esses defeitos de nossos filhos nos incomodam
tanto. E se experimentamos olhar nossos próprios defeitos e manias? Por que nos
educar a nós mesmos? Porque nos refletimos em nossos filhos e vice-versa.
Outro
ponto importante sobre essa reflexão que existe na relação pais/filhos, é
que em geral, os pais querem que os filhos sejam aquilo que eles mesmos não
conseguiram ser. Se não conseguiram fazer um curso universitário, por exemplo,
torna-se uma questão de honra oferecer um curso universitário a seu filho.
Mas,
como não projetar no filho nossos desejos de realização? E como não
confundir isso com a nossa necessária tarefa de ensinar? É mesmo complexo! O
filho precisa de uma direção, mas ao mesmo tempo não podemos impor nossas
frustrações pessoais ao dar essa direção. Penso que a melhor forma para
lidar com essa dificuldade, é deixar que o filho descubra o que quer e seguir
acompanhando-o no caminho dessa descoberta, que precisa ser pessoal.
É
interessante observar por exemplo, como filhos que recebem as mesmas orientações
familiares, respondem de forma tão distinta! Cada um é uma personalidade, sem
falar na personalidade potencial: aquela que ele pretende ser!
CREARMUNDOS:
Como
lidar com o paradoxo de que nossos filhos são nossos “reflexos”, mas ao
mesmo tempo são “autonomias”?
Victoria
Camps:
Realmente
esse tema é delicado. Nossos filhos são nossos reflexos e ao mesmo tempo não
o são, e, precisam descobrir pessoalmente seu caminho na vida! Por isso penso
que temos que ir nos educando a nós mesmos, enquanto educamos nossos filhos.
Precisamos ter abertura para descobrir o que vai ocorrendo enquanto vamos
convivendo com eles. E ter clareza de que podemos modelar até certo ponto! E
que ao sermos mães/pais, muitas vezes damos inclusive o que nos falta.
CREARMUNDOS:
Considerando
sua experiência de mãe , de educadora, de escritora e de estudiosa no campo da
ética, o que você considera imprescindível na educação de crianças e
jovens? Por que?
Victoria Camps: Essa
pergunta me faz pensar em conteúdo e em método. Quanto ao conteúdo, não me
atrevo a dizer muito, penso nos valores fundamentais expressos nos direitos
humanos já reconhecidos, tais como: liberdade, igualdade, solidariedade e
respeito.
Quanto
ao método, vou dizer algo polêmico e que pode ser interpretado negativamente
em função daquele ranço que eu já explicitei anteriormente. Penso que os
educadores ( pais e professores) têm que estar conscientes de que não se pode
ensinar esses valores sem a coação. E por que? Porque esses valores não estão
sendo vividos pela sociedade. Sei que a palavra coação assusta, mas quando se
trata de ir contra essa
superficialidade e essa falta de limites que está generalizada na sociedade,
ela precisa ser considerada. E é claro que quando falamos de coação, não
falamos de maus tratos! Vamos ver o que entendemos aqui por coação? Pensemos
em exemplos concretos, uma criança precisa dormir um número suficiente de
horas para crescer saudável, vamos deixá-la sem hábitos de sono? Claro que não,
se for necessário vamos “obrigá-la” a dormir nos horários que permitam a
ela despertar bem no dia seguinte.
Outro
exemplo de coação física? Na hora de comer, ela precisa aprender a comer
alimentos que não gosta inicialmente, mas que são necessários para sua nutrição.
Ou ainda precisam aprender a não se levantar da mesa, antes que se termine o
momento coletivo de compartilhar o alimento. Essas são formas de disciplinar o
corpo. Mas, não se trata apenas disso, é preciso coagir para coisas
“espirituais”, como por exemplo, ter como hábito, sorrir e saudar os
avós. Se as crianças e jovens não têm valorizado os mais velhos, precisamos
coagi-los para mudar de idéia.
CREARMUNDOS:
Vamos
retornar ao tema da coação física? E com os adolescentes na vivência do
despertar da sexualidade, deve-se também obrigá-los a vivenciar a sexualidade
segundo a nossa direção?
Victoria
Camps:
Proibir
a sexualidade é algo inútil. Aprendamos com a história, fomos puritanos,
repressivos e reprimidos. Em 1968 explodiu tudo e onde fomos parar?
Penso
que a única educação da sexualidade é uma boa educação nesses valores
essenciais dos quais falávamos. Já sabemos que em algum momento, os filhos se
deixam influenciar pelos amigos e por âmbitos da sociedade que nem sempre nos
agradam. Nesse momento temos muitas angústias e entramos em conflito sobre
nosso poder, autoridade e capacidade de influir sobre nossos filhos. É claro
que nesse momento, é preciso ter cuidado com as proibições, que poderão ser
muito contraproducentes, é preciso mudar de estratégia.
Mas,
não podemos abrir mão de exercer nossa autoridade, porque nosso filho estará
ainda muito inseguro e se não fazemos parte da rede de influências que recebe,
ele aprenderá o que não deve. Não podemos esquecer também de informar e de
conversar sobre essas informações.
Nesse
momento, o que aprendemos com nossos filhos, é a exercer a autoridade, sem que
ela seja muito notada.
CREARMUNDOS:
“Aceitar-se sem levar-se muito a sério, uma vez que ninguém
minimamente inteligente chega a ser satisfeito consigo mesmo”
Com essa frase, entre outras, você afirma o valor do bom humor como um ato
inteligente que nos ajuda a viver melhor. Vamos conversar um pouco mais sobre a
questão do bom humor na educação de crianças e jovens?
Victoria Camps: Aprender
a ironizar sobre a vida em geral é uma grande qualidade. Algumas pessoas
ironizam mais facilmente , será inato? Genético? Não sei, o que se sabe é
que para alguns, o bom humor é algo mais difícil de ser vivenciado.
Nossa
sociedade dá modelos muito rígidos e isso pode causar muitos traumas e mal
estar nas pessoas. Cultivar o sentido de humor é algo bem importante parta
lidar com essa rigidez. O modelo de beleza atual, por exemplo, expressa-se na
moda de ser magro. E podem haver distintas formas de lidar com isso. Alguns podem dizer: prá mim tanto faz essa
moda, estou gorda e vou comer tudo o que sinto vontade de comer. Outros podem se
sentir mal, feios e fazerem tudo para atender ao padrão de beleza apontado. Em
ambos os casos, a maneira de lidar com a rigidez do padrão de beleza são
vividos de forma radicalmente séria. Mas,
pode-se ver tudo isso com sentido de humor, fazer o esforço necessário
para manter o corpo saudável, mas sem sofrer demais nem para engordar, nem para
emagrecer.
Quando
digo que não é bom levar-se muito a sério, quero dizer que é necessário
auto-corrigir-se, mas fazê-lo com
bom humor. E isso é algo que se pode aprender ainda na infância.
Mas,
penso que não se trata de querer divertir-se sempre, isso poderia acarretar um
certo cinismo. Há que se aprender a aceitar os momentos duros e cruéis da vida
também.
CREARMUNDOS:
Nós,
os brasileiros, temos a fama de brincar com tudo e de criar piadas com nossos
problemas. Por exemplo, vivemos agora uma crise com a energia elétrica que gera
toda uma problemática social e econômica com consequências muito desagradáveis
para o país e, principalmente para o cidadão comum. Mal foram divulgadas as
notícias sobre isso e já tínhamos um arsenal de piadas, cartoons, músicas e
inúmeras brincadeiras a respeito do tema. Seguramente, não conseguem arrancar
nosso bom humor nem em momentos extremos como esse. Mas, nos perguntamos e daí?
Estamos rindo de tudo isso, mas e a crise da energia? Partindo de sua experiência
política, você poderia nos dizer como vê a questão do bom humor no campo político?
Victoria Camps: Devo
admitir que nunca havia me questionado isso. Quando fui senadora e exerci cargos
públicos, percebi que uma atitude muito alegre por parte de políticos, não é
bem vista nem pelos políticos, nem pelas pessoas em geral. Esta alegria de
viver é perigosa do ponto de vista político, porque pode significar que se
esconde os problemas e que os mesmos não são abordados de forma direta e com a
devida seriedade.
Mas,
penso que isso também tem a ver com tradições culturais específicas. E,
inclusive com questões ambientais. Sabemos por exemplo que a América do Sul
tem muito mais alegria que a do Norte, onde o clima é mais austero, frio e
fechado. Estive alguns meses trabalhando na América do Norte e vi que ou
trabalhava muito em casa ou morria de aborrecimento. O clima não me convidava
para sair, foram 4 meses de neve...
Montesquieu já dizia que o clima tem muito a ver com as Leis de um povo. Sem a
tentação de sair para a rua e disfrutar do clima agradável, do céu azul e do
calor, para que muita austeridade nas regras e nas leis?
CREARMUNDOS:
A
revista CREARMUNDOS decidiu ocupar um dos tantos espaços vazios no campo da
formação de professores: a questão da escrita como um instrumento de elaboração
da experiência. Como você vê sua experiência como educadora antes e depois
de sua atuação como escritora? Que efeitos você diria que são resultantes da
interação entre educar e escrever?
Victoria Camps: Comecei
dando aulas e não sei se
escreveria se não tivesse passado primeiro por essa experiência. Eu escrevo
ensaios e não me vi nunca como escritora em primeiro lugar, porque escrevo o
que investigo.
Relaciono
a escrita com a leitura e ambas são atos de correção da linguagem. Quando
lemos e escrevemos, aprendemos a utilizar a linguagem de forma correta. A
palavra escrita é mais cuidada que a palavra oral. Escrever é um esforço que
exige uma determinada disciplina que cuida muito mais do uso da linguagem.
Quando escrevemos, exercitamos nossa capacidade de elaborar e podemos nos
plantear melhor nossas próprias questões. A verdade é que um papel em branco
assusta muito!
O
fato de ter que explicar o que penso e escrevo ( dar aulas) , me ajuda a
escrever cada vez melhor. E depois que escrevo sobre um determinado tema, minhas
aulas sobre ele são muito melhores. Ou seja, educar e escrever são ações
complementárias, uma impulsiona o aprimoramento da outra.
CREARMUNDOS:
Você
gostaria de deixar alguma mensagem final aos nossos leitores?
Victoria
Camps:
Na
Espanha, o livro didático foi eliminado no nível universitário, porque se
pensou que esse recurso didático atende muito mais ao professor que ao aluno.
E, que o aluno precisa manter contato com muito mais autores que o de um só
livro. Esses argumentos são interessantes, mas, no lugar desses livros que
existiam antes, o que entrou? Fotocópias de inúmeros livros, apostilas com
fragmentos de diversos textos e lâminas de retroprojeção ou powerpoint ( para
os mais avançados tecnologicamente). Com isso, alunos e professores perderam o
“discurso”, o texto analítico. A ênfase caiu na síntese que vem dada em
imagens de quadros, gráficos, etc. Eu me pergunto: e como o aluno capta a análise
a partir dos elementos dados pela síntese? Desapareceu o necessário trabalho
de elaborar e elaborar-se através da leitura. E é claro que isso acaba
alimentando um círculo vicioso que torna cada dia mais pobre, a linguagem e os
usos dela.
Ler
é fundamental! Um educador não pode desisitir de criar hábitos de leitura em
seus alunos. E esse hábito começa quando criança, e aqui voltamos ao tema da
coação. É preciso romper com a preguiça de ler desde a infância.
Outra
coisa refere-se ao concreto de que a maioria das pessoas que trabalham na educação
são mulheres. Quando começaram a ensinar, as mulheres eram analfabetas e,
portanto ensinavam “coisas de mulher”: costurar, cozinhar, rezar.
E,
como no decorrer dos anos, a educação foi sendo um campo profissional muito
reconhecido nos discursos, mas pouco valorizado em termos salariais; foi sendo
cada vez mais “coisa de mulher”. Temos que assumir algo importante, de
maneira geral são as mulheres que educam, isso ocorre também na família! A
mulher assume o papel de educadora dos filhos. Portanto, se nos cabe isso, vamos
assumir bem assumido! Isso significa dizer que não devemos nos contentar em
sermos apenas professoras, mas também diretoras de escola, reitoras de
universidade, ministras da educação. Assim, poderemos participar de uma melhor
distribuição do poder, que falha do ponto de vista da igualdade de gêneros,
porque há pouquíssimas mulheres nos níveis superiores da hierarquia política.
CREARMUNDOS:
Não
resistimos à uma pergunta: já se sabe que dificilmente alguém abandona o
poder, como então as mulheres podem chegar a ele?
Victoria
Camps:
Antes
de mais nada a mulher precisa ter vontade de chegar até ele. Isso exige uma
certa lucidez. Muitas mulheres não querem isso, porque pensam que têm que
renunciar à família, ao marido e sacrificar os filhos.
Mas,
se a mulher vai participar do poder político, ou seja público, isso significa
que o poder privado, do âmbito familiar, precisará estar melhor dividido. O
homem que é seu companheiro precisa ver valor nisso também, se não é impossível.
Sem compartilhar o cuidado com os filhos e com a casa, não há como
compartilhar a participação na vida pública.
Mas,
ainda há algo mais, o âmbito privado não é tão privado assim. O casal não
consegue resolver tudo sozinho, a mulher precisa da ajuda política, por
exemplo, no momento do parto. Precisa ter um tempo suficiente de licença para
cuidar do bebê e ter o trabalho de volta, quando retorne da licença. E por que
não o pai ter licença para cuidar do filho também?
A
distinção entre público e privado é algo proposto pelo liberalismo. Essa
distinção foi muito boa para manter separados o homem e a mulher. Mas, como
isso já não está tão separado assim, o melhor é repensar, não é mesmo?
CREARMUNDOS:
Agradecemos
à nossa convidada a disponibilidade em participar de nossa seção e convidamos
aos leitores e às leitoras para refletirem sobre as idéias apresentadas aqui.
E deixamos de presente mais uma frase do já citado livro de nossa entrevistada:
Não posso, nem me parece
adequado, reduzir a educação a umas quantas receitas. Mas, devo apontar duas
idéias fundamentais para a educação dos filhos. São o exemplo e o tempo. Dar
exemplo é a melhor forma de ensinar. E, aos filhos, sobretudo, deve-se
dedicar-lhes tempo.
(...)
As aprendizagens são lentas, lentíssimas e requerem tempo. Tempo e paciência
infinita.
Livros
da autora:
·
Los
teólogos de la muerte de Dios,
Nova Terra, Barcelona, 1968.
·
Pragmática
del lenguaje y filosofía analítica,
Península, Barcelona, 1976.
·
La
imaginación ética,
Seix y Barral, Barcelona, 1983; Ariel, Barcelona, 1990.
·
Ética,
retórica, política,
Alianza Universidad, Madrid, 1988.
·
Virtudes
públicas,
premio espasa de Ensayo 1990, Espasa Calpe, Madrid, 1990. (Edición de
bolsillo, 1993; Edición de Círculo de Lectores, 1993.
·
Paradojas
del individualismo,
Crítica, Barcelona, 1993: edición de bolsillo, 1999.
·
Los
valores de la educación,
Anaya, Madrid, 1994.
·
El
malestar de la vida pública,
Grijalbo, Barcelona, 1996.
·
El
siglo de las mujeres,
Cátedra, Barcelona, 1998.
·
Qué
hay que enseñar a los hijos,
Plaza y Janés, Barcelona, 2000.
·
Per
una filosofia modesta. Dalla filosofia pratica all’etica applicata,
Istituto Italiano per gli Studi Filosofici, Napoles, 2000.
·
En
colaboración con Salvador Giner, Manual de civismo, Ariel,
Barcelona, 1998.
·
Coordinación
de Historia de la ética, 3 vols., Crítica Barcelona,
1988‑1992.
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