MUNDOS REFLEXIONADOS  

FILOSOFÍA  

O filósofo cordial como educador e autor  
Paulo Roberto Margutti Pinto

Professor Titular do Departamento de Filosofia da FAFICH da UFMG.  Mestre em Filosofia Contemporânea pela UFMG (1979) e PhD em Filosofia pela Universidade de Edimburgo, Escócia (1992). Trabalha na área de lógica e filosofia da linguagem. Já publicou dois livros: “Iniciação ao silêncio: análise argumentativa do Tractatus de Wittgenstein”, pelas Edições Loyola (1998) e "Introdução à Lógica Simbólica", pela Editora UFMG (2001). Publicou também inúmeros artigos em revistas especializadas, como Kriterion, Manuscrito, Cadernos de Lógica e Filosofia da Ciência, Síntese Nova Fase, Revista Portuguesa de Filosofia e outras. margutti@terra.com.br

         Todos sabemos que a tarefa primordial do educador é formar pessoas com espírito crítico e voltadas para a ação, ou seja, pessoas capazes de identificar o que constitui problema numa determinada situação, estabelecer as diretrizes para a solução do problema e agir eficazmente no sentido de corrigí-lo. Quando o educador escreve sobre sua própria atividade, diagnosticando problemas e sugerindo soluções através de planos de ação, ele está, em princípio, mostrando que possui as mesmas qualidades que tenta transmitir aos seus alunos. Agindo assim, ele ultrapassa os limites estritos da sala de aula e contribui para a transformação da própria sociedade em que vive. Trata-se de uma atitude altamente recomendável, pois envolve tanto a reflexão sobre a própria realidade como o registro por escrito desta reflexão, colaborando desse modo na preservação do indispensável foro de debates que possibilita o desenvolvimento da atividade pedagógica. O educador que se torna autor se transforma num reformador.

         Em se tratando da filosofia, o escrever surge como uma condição sine qua non. Neste caso, as qualidades mencionadas devem então atingir um elevado grau. Com efeito, entendida como uma reflexão radical sobre a nossa própria existência, a filosofia envolve uma abordagem totalizante de nossa experiência para identificar problemas e sugerir soluções também de caráter totalizante. Ora, isto só é possível quando o espírito crítico e a disposição para a ação se encontram suficientemente aguçados para trabalhar neste nível de abstração. E isto exige a colaboração contínua e por escrito em um foro especial de debates, que o filósofo Richard Rorty denominou a conversação da humanidade.

         Seria possível, porém, a constituição de um foro de debates em que os filósofos desconversam, ao invés de conversar? Seria possível um filósofo que se torna autor sem se transformar num reformador? Infelizmente, as respostas a estas questões são afirmativas no caso do nosso país. Parece que nós criamos um foro peculiar de debates que poderíamos denominar a desconversação dos filósofos brasileiros.

         Para comprovar esta afirmação, vou recorrer ao conceito de homem cordial, descrito pela primeira vez por Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro Raízes do Brasil (1936), que desenvolve uma análise da sociedade brasileira em que o nosso mal provém predominantemente da herança cultural lusitana. Ele descreve o português como diferente do europeu autêntico, em virtude da dominação árabe sobre a Península Ibérica, que ligou Portugal à África e não à Europa. Esta ligação foi responsável pela introdução do culto da personalidade em Portugal, em que as qualidades do verdadeiro homem são a independência, a coragem, a auto-suficiência e a força. Os valores que movem este homem são a honra, a fidelidade, a vontade livre e a fidalguia. Os homens possuidores de tais qualidades e movidos por tais valores tendem a conviver de maneira socialmente frouxa, recusando a hierarquia e adotando uma espécie de individualismo anárquico. Eles são pragmáticos, observadores e realistas, mas tendem a colocar a tradição acima da imaginação, são desencantados e pouco audaciosos. Desse modo, o português é solidário por razões afetivas e só aceita submeter-se a alguém mais poderoso que ele. Sua tendência é submeter-se a um líder carismático e seu sonho é realizar-se individualmente de maneira plena. Na vida familiar, o tipo em que melhor se enquadra é o do pater familias, simultaneamente amoroso e autoritário. Na vida em sociedade, o tipo em que melhor se enquadra é o do homem cordial (do latim cor, coração), que convive segundo o coração, alheio às regras. O homem cordial personaliza as relações sociais. Ele odeia a solidão, mas é individualista e indisciplinado. Ao relacionar-se com seus inferiores, sua cordialidade se transforma em paternalismo. Do ponto de vista teórico, tende ao sincretismo, buscando a paz de espírito nas teorias sistemáticas e dogmáticas.

         Para Buarque de Holanda, a principal razão de nosso atraso em relação a outros países está em que ainda possuímos muito do homem cordial em nossa maneira de ser. Temos que superar isto e nos tornar verdadeiramente brasileiros para podermos modernizar o país. Como estas idéias foram expostas em 1936, é natural que o leitor se pergunte a respeito da validade das mesmas nos dias de hoje. Muita gente pensa que o homem cordial está desaparecendo cada vez mais no horizonte da cultura brasileira. Em que pesem os mais de sessenta anos que nos distanciam do livro de Buarque de Holanda, acredito que ele ainda tem muito a nos ensinar. Para comprovar meu ponto de vista, vou desenvolver um pouco mais o tipo do homem cordial, tal como o entendo, para mostrar que ele ainda produz seqüelas poderosas na nossa maneira de ser em geral e na nossa maneira de fazer filosofia, em especial.

         Na vida privada, o modelo brasileiro de relacionamento surge a partir da civilização do açúcar, baseada na oposição entre a casa grande e a senzala. Dois princípios básicos organizam a vida em família nesta época: a anarquia entre os iguais e a submissão ao superior hierárquico. Aqueles que possuem o mesmo status disputam ferozmente os espaços e as regalias. Uma mucama, por exemplo, pode competir com uma outra pelos favores da senhora, recorrendo a todos os tipos de artimanhas para prejudicar a adversária. Mas os confrontos diretos entre competidores devem ser evitados, para que a vida não se torne insuportável. Esta situação é compensada pela submissão de todos ao senhor de engenho, o pater familias todo-poderoso que decide o destino das pessoas de acordo com suas conveniências e idiossincasias. Ele exerce o poder de maneira paternalista, protegendo seus consangüíneos e preferidos e oprimindo os demais. Como a sociedade colonial é escravagista, a opressão atinge níveis sado-masoquistas. Ao lado disso, o pater familias administra o poder com o espírito prático que o caracteriza. Como é pouco dado às abstrações profundas, enfatiza as coisas do coração. Isto o faz valorizar a amizade e, do ponto de vista religioso, aproxima-o do misticismo. Para resolver seus problemas práticos, costuma adotar soluções ecléticas. Como não vive de maneira emocionalmente sadia, contudo, sofre de um pessimismo diante da situação aparentemente inevitável em que se encontra, embora tenha a esperança de que um dia ela acabe. Esta mistura de revolta e esperança gera uma espécie de insatisfação existencial que é, no fundo, conformista. Isto explica, entre os portugueses, a exaltação poética da saudade, que expressa com perfeição este sentimento que constitui um misto de dor e de esperança. Todas as características acima são próprias não apenas do pater familias, que constitui o tipo ideal analisado, mas também, em maior ou menor grau, dos demais membros da sociedade colonial.

         O pater familias transfere naturalmente para a vida pública as principais características de sua vida privada, dando origem ao homem cordial. Desse modo, também na vida pública prevalecem os princípios da anarquia dos iguais e da submissão ao hierarquicamente superior. A disputa entre os iguais continua feroz e sem regras. Isto envolve pouco sentimento de solidariedade e resulta numa fraca coesão social. Daí a necessidade de um líder carismático para administrar a disputa. Este líder é escolhido muito mais pelos aspectos emocionais do que pela competência. Sua maneira de exercer o poder é paternalista, envolvendo dois aspectos. Por um lado, ele protege os membros da família, os membros do mesmo partido e os bajuladores submissos. Os amigos constituem o maior tesouro e são tratados cordialmente. Por outro, ele oprime abusivamente os subalternos e reprime sem piedade os inimigos políticos. Os inimigos constituem o pior da vida e são tratados com crueldade. Seu espírito prático, quando aplicado à política, degenera em oportunismo ou em fisiologismo, sem preocupações com a consistência (sincretismo). Sua tendência ao misticismo o leva a enfatizar, no nível social, o ritual religioso. O melhor exemplo disto é a semana santa. Seu espírito sincrético o leva a misturar aspectos de religiões diversas, gerando religiões também sincréticas (umbanda, quimbanda etc.), ou então a adotar atitudes religiosas inconsistentes (o católico que frequenta reuniões espíritas ou que procura por um curandeiro). O homem cordial vive em sociedade de um modo que não é sadio e não se sente feliz com isso. Daí a transposição da insatisfação conformada, de caráter existencial, para o domínio social. Aqui, o homem cordial experimenta uma espécie de sentimento que constitui um misto de revolta contra as mazelas da situação competitiva, hipócrita e paternalista em que vive, e de esperança de que esta situação, aparentemente intransponível, possa vir a modificar-se um dia. Isto alimenta uma atitude moral de revolta conformista. Este tipo peculiar de insatisfação está ligado a um estado de espírito típico da alma lusitana, em que a saudade continua a desempenhar um papel fundamental. Com a decadência de Portugal após a dominação espanhola (1580-1640), os portuguêses desenvolvem cada cada vez mais o sentimento de saudade com relação às glórias do período das grandes navegações. Este saudosismo encontra sua mais completa expressão no sebastianismo. Trata-se não propriamente dum movimento, mas dum estado de espírito que envolve simultaneamente a esperança pela vinda do rei D. Sebastião, predestinado a salvar Portugal, e o desejo ardente pelas reformas que ele haveria de realizar. O termo sebastianismo foi usado por Oliveira Martins para designar o fenômeno do derrotismo transfigurado em esperança, que caracteriza a cultura portuguesa. Euclides da Cunha também o utilizou, para caracterizar um dos aspectos do messianismo sertanejo. Segundo L. Washington Vita, este termo ainda tem ampla aplicação (ele escreveu em 1948), quando entendido como um misto de ardente esperança e renúncia da iniciativa própria. Ele designa um estado de espírito que se origina da crise da nacionalidade portuguesa, inspirada numa espécie de patriotismo sagrado. Filho do sofrimento e alimentado pela esperança, o sebastianismo expressa na história aquilo que a saudade expressa na poesia. Penso que, guardadas as devidas proporções, não só o homem cordial, mas também a sua insatisfação existencial sebastianista, dando origem a um tipo peculiar de consciência infeliz dos trópicos, ainda deixam revelar marcas profundas em nossa maneira de ser. Isto pode ser ilustrado através da avaliação da prática da filosofia no Brasil.

         Com base nas considerações anteriores, podemos dizer que as mesmas características que o pater familias transpôs da vida privada para a pública, gerando o homem cordial, podem ser também encontradas na sua atitude como filósofo. No plano filosófico, o homem cordial torna-se o filósofo cordial. Este último parte duma intuição “mística” de base (religiosa ou não), mas, como é desprovido de espírito especulativo, não a sistematiza adequadamente. Ele prefere buscar um líder espiritual que seja suficientemente carismático para dar-lhe a sensação de paz espiritual. O líder vale mais pelo carisma do que pela competência como pensador. O filósofo cordial evita o debate, pois este significa possibilidade de confronto. Como personaliza as suas relações, ele transforma aqueles que o criticam em inimigos mortais. Ora, ele acha preferível ter um amigo distante do que um inimigo próximo. Daí sua tendência a deslocar o verdadeiro debate para a intriga de bastidores. Nestas, a condenação sem direito de defesa constitui a regra. No domínio público, o debate se reduz a intervenções mais ou menos teatrais depois de alguma conferência, em que a força das objeções é cuidadosamente medida, para evitar o perigo de o confronto tornar-se pessoal. O debate escrito deve ser evitado, pois deixa registrada para sempre a crítica capaz de gerar inimizade. O filósofo cordial sabe que as palavras voam, mas a escrita permanece. Esta situação reforça o espírito sebastianista de revolta conformada, pois, ao mesmo tempo em que permite o exercício da crítica, contribui para a conservação do status quo, já que ela não é pública e sim, privada.

         Dadas estas características, pode-se concluir que o filósofo cordial não consegue ver, nos seus pares, interlocutores adequados para a discussão filosófica. Os pensadores brasileiros do passado que tentaram dar uma contribuição original não são vistos como filósofos autênticos. O melhor exemplo desta atitude está em Leonel Franca, cuja análise da filosofia no Brasil é cheia de impropérios contra os atrevidos que tentaram fazer algo acima de suas modestas possibilidades. O filósofo cordial pensa que seus interlocutores devem ser buscados entre os grandes pensadores estrangeiros, estes sim autênticos filósofos. Eles são buscados, porém, em virtude de sua liderança carismática. Isto condena o filósofo cordial a ser um mero comentador dos filósofos europeus ou americanos. Ele não recorre à filosofia para pensar a sua realidade e isto faz com que busque satisfação intelectual nas idéias dos outros. E, em virtude de seu espírito prático e de sua ênfase no emocional, ele prefere comentar sistemas que enfatizem estas dimensões da existência (ceticismo, idealismo alemão, marxismo, positivismo, ecletismo, evolucionismo, pragmatismo, psicanálise, teoria crítica). Seu fascínio ou preferência por filósofos contemporâneos que caminham neste sentido de um modo ou de outro é notório (Heidegger, Wittgenstein, Nietzsche, Adorno, Apel, Habermas etc.).

         Quando se destaca entre seus pares brasileiros, o filósofo cordial não o faz porque construiu um grande sistema, mas porque se tornou um grande comentador, oferecendo ou uma interpretação original ou uma proposta de pequenos reparos numa importante doutrina filosófica. Ele é mais um líder intelectual carismático do que um filósofo disciplinado e criativo. E exerce sua liderança de comentador bem sucedido numa posição superior, imune aos mexericos de bastidores. Como tende a personalizar suas relações, ele gosta de trazer para a arena pública as suas idiossincrasias, esperando que elas sejam toleradas e até mesmo perdoadas, quando for o caso. Na verdade, estas idiossicrasias são profundamente criticadas, mas apenas no nível da crítica de bastidores, que, como sabemos, condena sem debate e sem registro. Isto só reforça a consciência infeliz sebastianista.

         Quem conhece a comunidade filosófica brasileira sabe que o quadro que acabo de pintar não é muito diferente da realidade. Temos efetivamente os nossos líderes, grandes comentadores que associam o brilho intelectual à idiossincrasia, mais carismáticos do que pensadores criativos. Evitamos o debate com nossos pares e, como não somos reconhecidos pelos grandes nomes estrangeiros, ficamos reduzidos ao comentário de suas idéias. Quando rejeitamos as idéias de alguém no país, geralmente não o fazemos por escrito, mas pela via do comentário de bastidores. Aqui, qualquer semelhança com figuras vivas ou mortas não é mera coincidência, mas confirmação de uma comunidade de desconversação. O filósofo cordial é um autor que desconversa, porque evita o debate com seus pares brasileiros e só discute com interlocutores distantes, que o ignoram; porque só discute as idéias de seus pares nos bastidores, condenando o adversário sem conceder-lhe o direito de defesa; porque se revolta com esta situação argumentativamente anômala, mas, sentindo-se impotente para superá-la, enche-se da falsa esperança de que um dia as coisas irão mudar. Assim, se um autor escreve sobre Heidegger, seu colega desconversa, escrevendo sobre Wittgenstein. A discussão com os pares brasileiros fica reservada, no domínio público, para confrontos mais ou menos teatrais pós-conferência, que se esvaem no ar, ou, no domínio privado, para intrigas, que também se esvaem no ar. Há trabalhos publicados, mas não há debate escrito. Não há interesse pelos pensadores brasileiros que deram alguma contribuição original, pois eles não são vistos como autênticos filósofos.

         Como educador, o filósofo cordial só faz contribuir para perpetuar esta situação. Ele está convicto de que só se aprende filosofia através da leitura dos clássicos. Isto está certo, mas não é suficiente. É preciso também aprender a pensar a própria realidade, levando à frente a conversação estabelecida pelos clássicos. E esta dimensão, de um modo geral, está ausente nos currículos dos cursos de graduação em filosofia. O aluno aprende a respeitar os clássicos, mas não a discordar efetivamente deles, mas não a pensar por conta própria e a defender eficazmente sua própria maneira de ver as coisas. Assim, desde o início de sua formação filosófica, seus interlocutores não são brasileiros reais, mas estrangeiros distantes; seus conceitos não são próprios, mas tomados emprestados sem a devida adaptação; seu campo de interesse não é a realidade brasileira, mas a realidade tal como descrita nos textos filosóficos estrangeiros. Por mais paradoxal que possa parecer, os estudiosos do pensamento filosófico brasileiro estão à margem das academias.

         Como se pode ver, o homem cordial pode estar desaparecendo lentamente do nosso horizonte histórico. Mas sua marca profunda ainda se faz presente no pensamento filosófico brasileiro. Para superar isto e evitar o doloroso conformismo sebastianista, temos necessidade urgente de reformular os currículos dos cursos de graduação em filosofia, introduzindo disciplinas voltadas para o pensamento brasileiro e estimulando a reflexão pessoal criativa, através de debates e textos em que se expõem e defendem posições pessoais. Nos cursos de pós-graduação em filosofia, deveríamos estimular mais o tratamento de temas ligados ao pensamento brasileiro e cobrar dos mestrandos e doutorandos um amplo conhecimento da literatura brasileira sobre o assunto das pesquisas. Autores brasileiros deveriam ser citados e discutidos lado a lado com os estrangeiros, ao invés de serem simplesmente ignorados, como o foram até agora. Com isto, não pretendo defender a idéia equivocada de que devemos construir uma filosofia nacional, pois uma universalidade maior está em jogo. Estou apenas insistindo no fato de que ainda não fazemos filosofia autêntica porque nos recusamos a pensar nossa própria realidade. Isto nos faz desconversar filosoficamente. Quando tivermos começado a caminhar na direção indicada, teremos dado um primeiro passo para superarmos a cordialidade sebastianista que nos sufoca e nos realizarmos como seres humanos com espírito crítico suficiente para avaliar a própria experiência em termos adequados.  

Bibliografia  

Buarque de Holanda, S. Raízes do Brasil. 17 ed. Rio: José Olympio, 1984.

Vita, L. W. A Filosofia no Brasil. São Paulo: In. Gráfica Siqueira, 1949.

Franca, L. Noções de História da Filosofia. 17 ed. Rio: Agir, 1964.

Rorty, R. A Filosofia e o Espelho da Natureza. Trad. de J. Pires. Lisboa: Dom Quixote, 1988.