Pedagogia
da Finitude
Entrevista
con Joan Carles Mèlich
juancarles.Melich@uab.es
Educar
é retirar-se, abrir tempo e espaço para que o outro possa chegar e
existir.
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Joan
– Carles Mélich (Barcelona, 1961), o entrevistado desse número, é
doutor em ciências da educação e professor de filosofia e
antropologia da educação na Universidade Autônoma de Barcelona. É
autor de inúmeros livros em castellano e em catalão. Tem textos
publicados no Brasil e vem sendo estudado em diversas faculdades de
educação de vários países.
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A
entrevista estará dividida em três blocos temáticos:
I
– Educação como acontecimento ético
II
– Pedagogia da Finitude
III
– Pedagogia poética
É
impossível resistir ao desejo de transportar o leitor para o cenário
que acolheu o encontro no qual se deu essa entrevista. Estávamos na
Praça do sol, numa manhã de primavera. O céu azul abrigava o vôo
branco e cinza das pombas que desciam à terra para comer migalhas de
pão nas mãos das crianças pequenas e seus avós. Depois de tantos
meses de frio e céu cinza, alguns jovens não resistiram a tomar uma
cerveja e cabular as aulas nas escolas. Tudo estaria muito tranquilo,
se não fossem outros elementos do contexto que somente agora entrarão
na descrição dessa cena. Era um dos dias do Encontro dos Líderes da
União Européia e Barcelona parecia uma cidade em estado
de sítio. Todos os tipos de polícia com suas metralhadoras e
demais armas dividiam as ruas com os cidadãos comuns. Helicópteros
ruidosos com seus focos de luz circulavam sobre a cidade dia e noite.
No Porto, o clima era de guerra, todos a postos para qualquer tipo de
ataque. Na região da cidade onde se concentravam os representantes do
poder europeu foi possível ver inclusive tanques de guerra nas ruas.
Cada esquina do centro da cidade tinha como mínimo 3 ou 4 carros
cheios de policiais com seus coletes a prova de bala e sua posição
de “sentido!”. Qualquer
transeunte tinha que mostrar seus documentos, mas... principalmente os
estrangeiros. “Medidas de segurança!” – pronunciava o discurso
oficial.
Antes
de chegarmos à Praça do Sol e ver a cena paradisíaca descrita no início
desse texto, estávamos em outra praça na qual está um edifício do
governo municipal. Diante desse edifício chegou um grupo de
aproximadamente treze jovens entre quinze e dezesseis anos. Eles
distribuíam um papel com um texto escrito por eles que continha um
discurso anti – globalização. Os “meninos e meninas”
iniciavam-se em seu exercício cidadão de ocupar as praças públicas
e pronunciar um dos discursos possíveis numa sociedade pluralista e
democrática. Em poucos minutos, esses “meninos e meninas” estavam
rodeados de um grupo de policiais como aqueles já descritos
anteriormente. A cena era chocante: um grupo de meninos ainda de calças curtas rodeados da força repressora da
sociedade que lhes dizia que não!
Que não podiam colocar voz nas suas idéias, que não podiam ir a uma
praça, que não podiam entregar seu papel caseiramente digitado aos
representantes do governo. E por que tanto? A polícia se justificava:
- podemos ter algum terrorista infiltrado entre eles...
Menos
mal que nosso entrevistado estudou campos de concentração e traçou
sua concepção pedagógica pedindo a todos que não se esqueçam dos
horrores que o humano pode cometer...
Assim
que, caro leitor, sabedores do cenário de fundo, vamos ao primeiro
plano da entrevista. E que tudo isso nos sirva de lição para manter
viva essa memória, ao mesmo tempo em que cultivamos a esperança de
uma humanidade melhor.
I
- Educação como acontecimento ético
CREARMUNDOS:
O
senhor poderia nos explicar o que significa dizer que a educação é
um acontecimento ético?
MÈLICH:
Uma relação educativa é um encontro entre duas pessoas concretas,
com nome e sobrenome, que se encontram cara a cara: falam, se escutam,
se ajudam. Como encontros podem ser de distintos tipos, como saber o
que distingue uma relação educativa de outros tipos de relação? O
que caracteriza a educação?
Minha
resposta é: o que faz com que a educação seja educação é a ética.
Não digo que é somente ela, obviamente existem outros elementos que
a constituem. O que afirmo, é que a ética está sempre presente na
relação educativa. Sem ética não há educação, há apenas
domesticação de cérebros. E, sem ética, não há maneiras de
distinguir relações totalitaristas das demais. É a ética que
baliza e dá parâmetros para que uma relação
possa ser chamada de educativa.
CREARMUNDOS:
O que o senhor está chamando de ética?
MÈLICH:
É
muito complicado definir a ética, existem distintas linhas, posturas
e modos de conceituá-la. Eu estou de acordo com Wittgenstein, quando
ele afirma que ética e estética são a mesma coisa, nos seus
aforismos finais do livro Tractatus.
Para mim, a ética não tem uma linguagem própria, a linguagem da ética
é a estética. Somente se pode falar de ética (po) eticamente,
porque ela está mais próxima da paixão do que da razão. E
novamente concordo com Wittgenstein, quando ele diz que não se pode
falar da ética, somente é possível mostrá-la. Portanto, para
responder que é ética, preferiria mostrar as fotos de Sebastião
Salgado. Se o leitor quer saber o que é ética que veja as fotos do
fotógrafo brasileiro. Ou que leiam determinados livros como os de
Primo Lévi, um sobrevivente de campos de concentração nazista. Ou
que recorram à poesia. Um dos meus poetas preferidos, é o alemão
Paul Celan, e deixo aqui um verso dele para ajudar a responder a
pergunta:
Sou
fiel, apenas se sou desertor .
Eu
sou tu quando eu sou eu.
CREARMUNDOS:
É
uma resposta muito inspirada e intrigante! Agradecemos a atitude e
gostaríamos de voltar ao tema que estava desenvolvendo: seu conceito
de educação como um acontecimento ético.
MÈLICH:
Como
o tema da diversidade faz parte da moda pedagógica atual, fala-se
muito em aprender a tolerar as diferenças. Mas, há um tipo de relação
de tolerância da diferença que acaba convertendo-se em indiferença.
O importante do ponto de vista ético não é que o outro seja
tolerado como diferente, mas sim que relação estabeleço com essa
diferença. A Ética começa quando um é capaz de ser “deferente”
(cuidadoso) com o outro. Ou seja, ocupar-se do outro , atendê- lo,
cuidá-lo, acolhê-lo. Derrida, um filósofo francês, e Levinas,
outro pensador contemporâneo dele, falam de uma ética da
hospitalidade. Eu concordo com essa maneira de ver.
Relacionando
educação e ética: a educação é uma relação com um outro que
necessita ser atendido, acolhido, cuidado. A relação educativa
precisa ser uma relação de hospitalidade com o outro.
CREARMUNDOS:
E
por que o senhor diz que é um ACONTECIMENTO ético?
MÈLICH:
Vamos
distinguir fatos de acontecimentos. Cada dia, ocorrem diversos fatos
no mundo. E as pessoas não têm consciência, nem memória desses
milhões de fatos que passam a elas mesmas e ao mundo. A vida segue
independente deles.
Acontecimento
é um tipo de fato que nos formam e transformam. O acontecimento é
TRANSformador, mas também pode ser DEformador, porque
pode nos levar ao inferno, ao abismo, à destruição. Ou seja,
um acontecimento pode nos levar ao êxito ou ao fracasso.
O
que faz com que a educação seja um acontecimento ético, é que NADA
VOLTA A SER COMO ANTES. Há um antes e um depois de cada encontro de
cada olhar, cada momento. Ainda que muito disso seja esquecido depois,
o sujeito fica transformado pelo encontro educativo. E isso é
gratuito! Ou seja, a educação como um acontecimento ético não é
um intercâmbio, porque não depende da reciprocidade; quem a oferece
deve dá-la sem querer nada em troca. Uma relação do tipo: eu lhe dou e depois você me dá, não é ética, é econômica!
Imagina se transferimos isso para a relação familiar... A questão
da paternidade me preocupa, porque os pais, de maneira geral, exigem
que os filhos devolvam tudo o que deram.
CREARMUNDOS:
A
maneira como a avaliação é vivida nas escolas, é um pedido de
“devolução do que foi oferecido” anteriormente. O que o senhor
teria a dizer sobre isso?
MELICH:
Essa
maneira de avaliar não conecta com a perspectiva da educação como
acontecimento ético. Afirmamos que todos os encontros são únicos,
insubstituíveis, incomparáveis. Não há o que devolver e não há
porque repetir para que o outro devolva bem o que lhe foi dado. Cada
dia que vejo minha filha ou que entro na sala de aula e vejo meus
alunos, tenho um encontro distinto. Quando se tem a sensação de que
a relação com a pessoa amada (filho, aluno, amigo, companheiro, etc)
é a mesma cada dia, e não há de nada novo, já não há ética, nem
vida. A repetição sem novidade é a morte, ainda que novidade sem
repetição é impossível.
II –
Pedagogia da Finitude
CREARMUNDOS:
O
senhor declarou publicamente que se tivesse que resumir tudo o que já
escreveu em uma só palavra, utilizaria a palavra FINITUDE. Inclusive
nesse momento está envolvido na escrita de uma antropologia da
finitude. Poderia nos explicar o que quer dizer FINITUDE?
MÈLICH:
É
a melhor palavra que expressa a condição humana. O ser humano é um
ser finito e o único que sabe com certeza é que nasceu e que vai
morrer. Por isso digo que somos um ser NO mundo, em um tempo e em um
espaço concretos, mas nunca estamos definitivamente instalados. É
como se não tivéssemos uma casa definitiva e estivéssemos sempre
“alugados”. Isso é o mesmo que dizer que o ser humano é um ser
em um contexto, por isso necessita da memória! Graças à ela, pode
responder à pergunta: quem sou
eu? . E a reposta será sempre provisória, porque sempre mudamos
e renovamos a partir do que já somos.
CREARMUNDOS:
Quando
fala do fim está dizendo da morte do corpo ou se refere a outra
dimensão humana?
MÈLICH:
O
corpo é o tempo e o espaço, além de ser sua dimensão simbólica,
por isso é o cenário da finitude e é um dos elementos mais
maltratados na educação ocidental. O corpo vem sendo negado e
inferiormente valorado, quando comparado à “alma”, que sempre
parece algo tão nobre e elevado! E por que isso? Por que o corpo
envelhece, caduca , morre. E a alma, pelo menos a platônica, não está
submetida ao tempo, é imortal.
A
pedagogia da finitude é uma pedagogia corpórea!
CREARMUNDOS:
E
a memória? Poderia nos falar um pouco mais sobre ela?
MÈLICH:
A
memória dentro da
perspectiva da finitude desempenha um papel fundamental. Ela não pode
ser entendida apenas como recordação, mas sim como uma faculdade que
permite ao ser humano instalar-se no tempo e no espaço. Ela nos
remete ao passado, mas ao mesmo tempo nos lança ao futuro, porque é
criativa e não é uma mera repetição ou lembrança do que ocorreu.
A memória humana é também o esquecimento, porque seleciona o que
seguirá no tempo. Difere da memória dos computadores que apenas
armazenam. Um bom exemplo para isso, é o último romance de Milan
Kundera, A Ignorância, no
qual duas pessoas que viveram a mesma historia, mas, recordam coisas
totalmente distintas.
CREARMUNDOS:
Podemos
dizer que, nessa perspectiva, tudo é relativo?
MÈLICH:
Não
se pode dizer que a pedagogia da finitude afirma que tudo é relativo
e negue o infinito e o absoluto. O que ela sinaliza é que o humano só
pode falar do absoluto a partir do relativo; e do infinito, a partir
do finito. Somos contextualizados!
III
–Pedagogia poética: Escrita e
leitura
CREARMUNDOS:
Em
seu artigo intitulado: A palavra
múltipla: por uma educação (po) ética , publicado no livro Habitantes de Babel – políticas e poéticas da diferença
, o senhor diz que uma educação
poética vive no jogo, no conflito das interpretações, na contradição,
porque nunca se está de todo em uma interpretação.
O senhor poderia nos explicar o que chama de Pedagogia/
educação poética?
MÈLICH:
Uma
educação poética é aquela estabelecida na finitude, portanto é
aquela na qual a palavra expressa a tensão entre a novidade e a
contingência, e, ao mesmo tempo, sinaliza uma dimensão inexprimível.
A
pedagogia que defendo é uma pedagogia poética, ou seja, inspirada
pela palavra dos poetas,
aqueles que acreditam que a realidade pode ser de outras maneiras.
Existem pedagogias que correm da literatura como quem foge de um
monstro. Há que se permitir que os poetas voltem a ocupar o centro da
praça pedagógica. E afirmo isso da perspectiva da crítica e não do
idealismo, sem a literatura, os fatos e as informações perdem seu
contexto e tornam-se entidades pastosas e fixadas na imobilidade da
abstração. Não existe escrita de um lado e vida do outro, o que há
é uma biografia: a escrita da vida.
CREARMUNDOS:
E
como a pedagogia poética vê a questão da leitura e da escrita?
MÈLICH:
Vou
dividir a respostas em dois blocos:
LEITURA
Para
mim, a leitura é uma relação com o outro. Na leitura, esse outro é um conjunto de elementos que permanecem em qualquer
contexto. Sempre que lemos entramos em relação com quem escreveu o
livro, com os personagens, com um tempo e um espaço, com outras situações
e com outros livros lidos anteriormente.
As
relações humanas são relações com outros
presentes e ausentes. A relação através da leitura é uma relação
com ausentes, com aqueles que não estão e talvez nunca estarão
presentes na minha realidade. Por exemplo, eu nunca estarei com Platão
que é um autor com o qual me relacionei com freqüência ao longo dos
anos. Nunca estarei com os personagens das obras que foram marcantes e
ajudaram a configurar minha identidade. Disso se trata, através da
leitura temos presentes em nossa vida, ausências que nos constituem
como pessoa.
ESCRITA
Logicamente
que minha versão da escrita não poderia ser diferente de como enfoco
a leitura. Mas, utilizando a hermenêutica judaica como imagem,
tentaremos acrescentar algo mais. Vejamos sua aplicação no exemplo
dos 10 mandamentos, as duas primeiras palavras são: EU SOU e as duas
últimas são: TU OUTRO – TU próximo. Se juntamos as duas
compreendemos a tese básica dos mandamentos. No livro que escrevi com
Fernando Bárcena: La Educación
como acontecimiento ético , utilizamos algo similar, a primeira
frase do livro, quando unida à última, expressa a idéia central do
mesmo e explica como vejo a questão da escrita.
CREARMUNDOS:
A
revista seguiu a pista dada pelo entrevistado, foi até o livro
mencionado e encontrou:
PRIMEIRA
FRASE: A vida de todo ser
humano pode ser experimentada como uma aventura em distintos graus de
intensidade, risco e atrevimento.
SEGUNDA
FRASE: Devemos ser responsáveis
pela palavra narrada, devemos nos compadecer e sofrer com aquele ou
aqueles que não estão diante de nós, mas que nos deixaram como
herança sua escrita.
MÈLICH:
Essa
conexão me permite falar da educação como um acontecimento ético.
O livro dá seqüência à idéia da primeira frase. Mas, agora,
convido o leitor para recrie esse texto e siga completando-a: a
vida de todo ser humano pode ser entendida como...
MENSAGEM
AOS LEITORES:
CREARMUNDOS:
O senhor gostaria de deixar uma mensagem para nossos leitores?
MÈLICH:
A
educação é configuração de uma identidade, de um si
mesmo que nunca é de todo ele
mesmo. Nesse sentido, parafraseando e transformando Kant, eu diria
que um dos imperativos pedagógicos fundamentais é: chega
a ser quem não é!
Se
a educação é vivida como um acontecimento ético, ela transforma
também o educador. Portanto, minha mensagem ao leitor é:
atreve
a ser o outro, a transformar-se! Um professor que não tenha
essa coragem não pode ser um bom educador. Um educador exageradamente
seguro de seus conhecimentos, valores e princípios, não é capaz de
colocá - los em discussão e essa atitude caracteriza um líder
totalitário. Os gurus das seitas nunca mudam, porque se sentem na
posição da Verdade, do Bem. Não percebem que, no fundo é apenas
SUA concepção de bem e de verdade.
Por
isso penso que a educação precisa ser formação tanto de quem educa
quanto de quem é educado. Nós, os professores, devemos estar sempre
aprendendo! Quando o professor é também aprendiz, a educação
assume sua dimensão transformadora. Temos que seguir continuamente
aprendendo, porque vivemos num mundo interpretado no qual as verdades
definitivas desapareceram. Porque nossa condição é a crise e um
perpétuo movimento entre a vida e a morte. E, enquanto esse movimento
não cessa, brincamos, contamos nossa própria história e nos
tornamos conscientes de que apenas estamos de passagem no mundo, ainda
que sejamos convidados da vida!
CREARMUNDOS:
A revista agradece a
simpatia, alegria e a hospitalidade do entrevistado que demonstrou ser
coerente com as idéias que defende! E sob a inspiração da pedagogia
poética, a revista cita o educador Paulo Freire, em homenagem a todos
os que participam do encontro educativo que esta entrevista veicula:
Canção
óbvia
Escolhi
a sombra desta árvore para
Repousar
do muito que farei,
Enquanto
esperarei por ti.
Quem
espera na pura espera
Vive
um tempo de espera vã.
Por
isso enquanto te espero
Trabalharei
os campos e
Conversarei
com os homens
Suarei
meu corpo, que o sol queimará;
Minhas
mãos ficarão calejadas;
Meus
pés aprenderão o mistério dos caminhos;
Meus
ouvidos ouvirão mais,
Meus
olhos verão o que antes não viam,
Enquanto
esperarei por ti.
Não
te esperarei na pura espera
Porque
o meu tempo de espera é um
tempo
de quefazer.
Desconfiarei
daqueles que virão dizer-me,
Em
voz baixa e precavida:
É
perigoso agir
É
perigoso falar
É
perigoso andar
É
perigoso esperar na forma que esperas,
Porque
esses recusam a alegria de tua chegada.
(...)
Estarei
preparando tua chegada
Como
o jardineiro prepara o jardim
Para
a rosa que se abrirá na primavera.
PUBLICAÇÕES
DO AUTOR:
·
Del
extraño al cómplice: La educación en la vida cotidiana –
ed. Anthropos, Barcelona, 1994
·
Antropología
simbólica y acción educativa – ed. Paidós, Barcelona, 1996
·
Totalitarismo
y fecundidad. La filosofía frente a Auschwitz – ed. Anthropos,
Barcelona, 1998
·
La
educación como acontecimiento ético – ed. Paidós,
Barcelona, 1998
·
La
ausencia del testimonio: ética y pedagogía en los relatos del
holocausto – ed. Anthropos,
Barcelona, 2001
|
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